A IGREJA NA RAMPA DO LIXO

São Paulo, 28 de setembro de 2014.

Estava lendo uma reflexão do Pastor Valdir Steuernagel (líder da Visão Mundial) na obra 'Perspectivas no Movimento Cristão Mundial', 2009, nº 84, Editora Vida Nova, que me deixou intrigado. Assim proponho uma ampliação.

Ele trata da presença da igreja junto aos catadores de lixo que, para sobreviverem, dependem daquilo que é descartado pela população. Vivem e trabalham em um ambiente mal cheiroso, insalubre e perigoso.

A igreja necessita estar entre os famintos, sedentos, sem lares, sem vestes e enfermos, literalmente, os que precisam do amor de Cristo.

Uma das frases que mais me intrigou foi "A Igreja não quer estar na rampa do lixo, assim como Jonas não queria ir a Nínive". Será que vivemos numa superioridade de valores morais?

Muitas vezes a presença da Igreja nesses lugares é uma autodenúncia ao seu comodismo e aburguesamento, uma esterilização da sua vida cristã quando só compreende a edificação como acúmulo de conhecimento bíblico; a santificação como natureza "espiritual" e a bênção como obtenção de bens materiais, ou seja, Deus é reduzido a um deus que tem uma justiça parcial e que beneficia os religiosos e os "bons meninos", o deus que não sente o mal "cheiro" daquela pessoa não perfumada.

Há um texto em Mateus 25.34-36 que deixa muito claro sobre o papel dos Seus seguidores: Jesus bendiz aqueles que desafiaram ser diferentes do padrão mundano e que se doaram aos "pequeninos", aqueles marginalizados pela sociedade.

Necessitamos de esperança para vermos com os olhos de Jesus, para buscarmos conversão de coração; esperança para aqueles que precisam ver o Mestre através dos nossos atos e, finalmente, esperança para vermos uma Nínive modificada nas suas injustiças e padrões incoerentes com a Palavra de Deus.

Pr Ricardo Nogueira